A raiz dos nossos problemas
Uma abordagem sobre a origem e levantamento de alguns dos problemas mais graves enfrentados na sociedade e no ambiente de negócios
Luciano Lima Pereira
5/19/20155 min read


Este artigo visa tratar de um assunto que nos assombra, que define certo perfil aos brasileiros. Somos um país desprovido de sentimento patriótico (incluindo: morais e cívicos). Este é o princípio de diversos problemas que ora temos que enfrentar. O resgate deste sentimento.
Como se sabe já há muito tempo, os meios de comunicação, até pela sua razão de ser, exercem considerável papel na composição cultural de um povo. Leia-se: todo e qualquer meio de comunicação, em especial os canais televisivos; tanto pelo seu acesso mais fácil e prático, quanto pela facilidade de interpretação, uma vez que não requer nem ao menos alfabetização para a assimilação das mensagens por eles veiculadas. Ademais, neste processo de acesso e inclusão, algumas emissoras mais tradicionais e conservadoras vêm modernizando a forma de se relacionar com o público, utilizando-se de maiores elementos de gírias e coloquialismos, que facilitam o entendimento da matéria.
O sentimento patriótico não é, por si só, a solução dos problemas. Mas, sem sombra de dúvidas, resolveria questões mais simples e, minimizaria problemas de maior gravidade e complexidade, que por ventura surgisse.
É de se assombrar, a falta de atitude de um povo que não se julga competente para usufruir seus direitos mais elementares, como o “direito” ao voto. À medida que o voto é utilizado para eleger políticos e legendas estreitamente envoltos em escândalos de corrupção, a sociedade envia aos políticos uma mensagem muita clara: “roubem à vontade que estamos pouco nos lixando!”. Pior que isso: como sempre, [nós] pagando a conta.
É desnecessário afirmar que eles entendem e compreendem muito bem a mensagem. A leitura é exata, portanto, a comunicação foi eficaz.
Um país que permite que atos corruptivos sejam amplamente difundidos, elegendo e reelegendo corruptos, aceitando tacitamente a realidade que prejudica tantos concidadãos que chega a envergonhar qualquer pessoa que o assista, de perto ou mesmo de longe, começa a perder investimentos, cai no ranking de empresas mais bem cotadas do mundo, tem sua nota de riscos (ranting) reduzida, ameaça a todos os grandes negócios do país (em especial aqueles que têm alguma relação governamental – seja direta ou indireta, pública ou até mesmo privada).
Muito embora pareça surgir luzes no final do túnel, com a entrada de capitais ávidos por aquisições de grandes companhias, outrora tão poderosas economicamente, agora à beira da falência; ainda assim, na balança econômica e social ainda perde-se muito mais do que se possa obter de vantagem, se é que podemos assim dizer.
Nada é perfeito, entretanto, se não começarmos a corrigir o que está ao nosso alcance, ao menos os mais fáceis, nunca teremos um ambiente jurídico-social capaz de atender às necessidades da população.
Questões como as ilógicas leis penais e processuais penais, sistema tributário que mais prejudica do que contribui à vida do cidadão, sistema eleitoral falho e uma justiça morosa sem os recursos de que necessita e, muito menos, aspectos processuais que possam torná-la mais célere e efetiva… são questões que devem ser veementemente combatidas; caso contrário, jamais o país alçará as melhores posições do ranking mundial.
Como é possível uma das maiores potências econômicas mundiais ser uma das piores do mundo em matéria de educação, violência, patente, investimento em pesquisa e desenvolvimento (em qualquer área científica), celeridade e burocracia adequada ao micro e pequeno empreendedor e tantos outros itens que nos afetam o dia-a-dia como nação? Como pode um político custar aos cofres públicos mais de R$ 100.000,00 mensais (entre vencimentos e verbas a quem têm acesso, nem sempre idoneamente aplicadas), enquanto um professor custa menos de R$ 2.000,00 e ainda carece que eficazes condições de trabalho e um plano de carreira que possa valorizar a profissão e a formação de alunos e cidadãos? Disparates como estes refletem a falta de valores em voga na sociedade.
É preciso repensarmos, é preciso atitude para corrigirmos o que podemos corrigir, e que seja breve, rápido e efetivo.
O país necessita de pensadores. Precisa de pessoas, políticos, cidadãos, profissionais qualificados e formadores de opinião capazes de uma reflexão justa sobre temas de extrema relevância ao país. Enquanto não houver pessoas engajadas num rito comum, a fim de sanar tais imperfeições e verdadeiras aberrações legais, de nada valem os esforços dos particulares, pessoas físicas e jurídicas privadas, embuídas em causas de fundo econômico-social.
Projetos de suma importância ao país estão parados há anos, ou décadas, nas gavetas dos nossos nada honoráveis políticos, mais imbuídos em causas particulares e políticas partidárias ou degenerativas, do que com o intuito de melhorar o país, a federação, num sentimento de altruísmo ou, meramente, respeito e justiça para com os demais.
Isso sem contar problemas de ordem moral, trabalhadas à luz do dia, sob holofotes de todos os canais de comunicação (impressa escrita e televisiva, sites públicos e mesmo oficiais, sites pessoais e de blogueiros de respeito), sem o menor pudor e a menor vergonha. Trata-se, por exemplo, da soberba que envolve os honoráveis de Brasília, que insistem em trabalhar três dias por semana, mamam nas tetas do governo e ainda se acham no direito de não pagarem um imposto que é imputado compulsoriamente a todo e qualquer cidadão de bem, que honre seus compromissos – tributários, inclusive.
Não satisfeitos ainda com a coleção das desgraças humanas (leia-se, políticas), há uma expressiva falta de bom senso e uma inversão de valores que faria ressuscitar qualquer pensador da antigüidade, acostumado a refletir sobre questões lógicas do cotidiano da época. Alguns deles parecem mais atuais do que nunca.
Alguns exemplos disso são:
Leis restritivas de direito (ofensa aos direitos constitucionais)
. lei que impede o uso de celulares dentro de estabelecimentos bancários, ao invés de cobrar por resultados em segurança pública;
. lei que impede o proprietário de uma moto, de levar caronista, ao invés de cobrar novamente por resultados em segurança pública – fora distorções como a vigência da lei apenas em dias úteis;
Leis antiéticas e imorais (ofensa às premissas constitucionais)
. lei que define que o recolhimento do Imposto de Renda dos honoráveis senadores serão pagas pelo Senado, ou seja, pelos contribuintes.
Ora, existe uma explícita inversão de valores, falta de visão e de atitude nos casos supramencionados. No tocante às leis restritivas de direito, o cidadão assume papel que deveria ser exercido pelo Estado e o ônus por ele [cidadão] decorrido. Da forma como foi exposto, ambos, o exercício da função e o ônus, correm pelos cidadãos, já tão sobrecarregados em todos os aspectos.
O caso das leis imorais, a interpretação é autoexplicativa.