Investimentos no Brasil
O Brasil, como já sabemos, tem tido uma tendência cada vez maior para a atração de investimentos. O que não significa porém, nem que os investimentos satisfaçam as nossas necessidades, nem muito menos que já tenhamos atingido o pico desse processo.
Luciano Lima Pereira
10/7/20084 min read


O Brasil, como já sabemos, tem tido uma tendência cada vez maior para a atração de investimentos. O que não significa porém, nem que os investimentos satisfaçam as nossas necessidades, nem muito menos que já tenhamos atingido o pico desse processo.
De qualquer modo é sempre bom relembrarmos e considerarmos algumas pequenas vitórias que vimos colhendo nos últimos anos. O Brasil, historicamente falando, é um país com diversas deficiências de investimentos, em todas as áreas: desde educação que é o celeiro do desenvolvimento de qualquer povo e nação, até os mais expressivos, como por exemplo, no mercado tecnológico, farmacêutico, automobilístico e sobretudo, infra-estrutura.
Como se isso já não bastasse, não somos carentes de investimentos apenas pelos recursos propriamente ditos, mas também pelo caráter a eles empregados e pelas políticas que os cercam. Investir recursos, não significa apenas investir valores, dinheiro. Precisamos de novas tecnologias, profissionais competente e a formação de uma base muito mais sólida, mas que com o tempo hemos de conquistar.
Para nos alegrar um pouco, conforme a Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o Brasil neste último ano passou de 9º para o 5º lugar do mundo na preferência dos investidores; tendo se tornado o melhor país para atração de investimentos na América Latina. Nada surpreendente, em primeiro lugar está a China. Lógico! É a nação de maior desenvolvimento anual (crescimento do PIB) e é um país emergente, portanto, carente de investimentos, tanto quanto ou talvez até mais do que nós.
Com isso, a Sociedade de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (responsável pela divulgação dos dados da Unctad no Brasil), estima que neste ano entre no Brasil o equivalente a US$ 35 a US$ 40 BI; salvo compensações cambiais das últimas semanas.
Apenas para efeito comparativo, enquanto países desenvolvidos investem em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) cerca de 3,3% do PIB, países como a China investem 1,2% do PIB, o Brasil investe por volta de 1% de seu PIB, cujo crescimento tem-se dado a níveis inferiores à sua capacidade de crescimento. O país precisa investir pesadamente em Ciência & Tecnologia para melhorar as contas externas e as condições de vida da população. É neste ponto que quero chegar, quando falo que os investimentos no Brasil, precisam ser não só expressivos, mas também de alto nível e conduzido sob uma política nacional de desenvolvimento.
Em dezembro do ano passado, foi realizado no Rio de Janeiro, o 9º Congresso de Agribusiness. Segundo a opinião dos debatedores, o investimento pesado em ciência e tecnologia aparece como a condição mais importante para que o país possa sobreviver aos avanços do mundo, e conquistar patamares mais altos no mercado global.
Para Eliseu de Andrade Alves, presidente da Embrapa – tida como o grande divisor de águas dos investimentos em agribusiness no Brasil – para sermos competidores, precisamos trabalhar com novos paradigmas como os transgênicos e a nanotecnologia. “É preciso que a gente acredite: o Brasil está se transformando num país com vários centros de excelência, e a Embrapa é uma cara visível desse Brasil excelência no mundo da agricultura”, disse o presidente.
Sedimentando o que foi fito acima, este ano o estado de Minas Gerais conquistou o primeiro lugar em qualidade de ensino científico no país, conforme o IGC – Índice Geral de Cursos, elaborado pelo Ministério de Educação; segundo o qual, a fórmula para seu sucesso se deve a fatores, tais como: maturidade, tradição das instituições e qualificação técnica (tendo a maioria absoluta dos docentes com títulos de mestres e doutores). A Unifei de Itajubá, por exemplo, é a única a possuir uma patente internacional sobre a exploração de petróleo a 2.000 metros de profundidade, no caso, na bacia de Jubarte/ES. Caso contrário, o presidente não poderia ter exibido nossas conquistas, como fez há pouco.
Exemplos de que o esforço vale a pena é que, dentre as quatro maiores universidades do país, duas são mineiras, tendo de concreto, ganhos como: produção de vacinas para a gripe e para a leishmaniose, novos combustíveis mais econômicos e ecologicamente corretos e novos medicamentos para a cura do estrabismo.
Atualmente 89% das pesquisas no Brasil, são feitas durante cursos de pós-graduação. Somente a UFMG já contabiliza números que nos orgulham: 2.000 projetos de pesquisa em andamento, 238 patentes nacionais e 55 internacionais.
O Professor David Bennett, referência mundial na área de gestão da tecnologia, comenta no Journal of Manufacturing Technology Management (JMTM) sobre a competitividade dos países no setor industrial. Professor Bennett argumenta que a única maneira de um país sustentar seu potencial no longo prazo é investindo em pesquisa e desenvolvimento e, por conseqüência, desenvolvendo suas próprias inovações. “Desde 1981, os EUA possuem um sistema de créditos para pesquisa juntamente com baixos impostos para os empreendores compensarem seus riscos. Os países da OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) investem 2,26% do PIB em pesquisa”, diz Bennett. Está aí uma boa idéia para colocarmos em estudo e votação no congresso: redução da carga tributária sobre as atividades de P&D.
Com base nisso, na primeira quinzena do mês anterior, o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – lançou estudo apontando a evolução dos números quanto aos investimentos em P&D por nossas empresas; embora ainda aquém de países desenvolvidos ou em desenvolvimento, como a China.
Conforme João Alberto De Nigri, pesquisador do IPEA responsável pela nova pesquisa, “tudo indica que houve crescimento do investimento em inovação no Brasil”. Para isso a partir do próximo ano teremos dados mais concretos sobre nosso índice de desenvolvimento em Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos e novas tecnologias.
Felizmente, temos bons motivos para acompanharmos o processo, fiscalizarmos nossas autoridades, cobrarmos e incentivarmos nossas empresas e contribuirmos para o desenvolvimento de tecnologias, geração de emprego e renda, bem como o desenvolvimento do próprio Brasil. Cabe a nós não perdermos o bonde do desenvolvimento.