Responsabilidade na imprensa

O tema Responsabilidade na Imprensa abordado neste artigo vai além do que o próprio nome diz. Refiro-me ao que divulgamos sobretudo na internet, atualmente o maior veículo de comunicação. E evidentemente inclui este portal [administradores.com.br]. Por isso Responsabilidade na Imprensa e não Responsabilidade da Imprensa.

Um exemplo bem característico são as notícias sobre demissões em massa. Não há nada mais ridículo, irresponsável e inconsequente do que querer vender sensacionalismo quando se trata de um assunto tão sério, que afeta o planeta como um todo.

Apenas um exemplo ilustrativo:

Pfizer demite 6.000
Causa a impressão de que a metade da empresa vai pro olho da rua. Bobagem, isso não representa mais do que 10% de todos os funcionários dessas empresas em todo o mundo. E mais, ao ler a matéria, vimos que esse é um planejamento traçado pela empresa, que prevê a demissão desses funcionários ao longo dos próximos três anos – ou seja – até final de 2011. Detalhe: a empresa acaba de comprar sua concorrente Whyet por algo em torno de US$ 68 BI. Ou seja, qualquer um de mediana inteligência sabe que em fusões de larga escala, há demissões de grande vulto. O que absolutamente nada representa em relação ao atual momento de crise mundial.

Não se trata de tamparmos o sol com a peneira, como diria a sabedoria popular. Trata-se de entregar a mensagem certa ao público certo. Quem quiser atingir o público precisa dizer o que eles têm que saber e não o que desejam saber. Ou se preferir, o que eles desejam saber da verdade, doa a quem doer! Mas também não precisa fazer doer mais do que deve, né? Rs

Cabe a nós, jornalistas, blogueiros, comentaristas, colunistas e congêneres absorvermos esse princípios.

Princípios estes que por vezes esbarram na ética. Apresentar um tema de modo inadequado pode dificultar que executivos tomem decisões assertivas. Além disso, pode causar pânico generalizado em comunidades igualmente sensacionalistas.

Para quem quer desenvolver um trabalho sério, expondo o que pensa e como enxerga a realidade deve colocar em prática princípios éticos dos jornalistas. Exemplo disso é o Código de Ética da FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas Brasileiros. Pelo menos em dois dos seus 19 artigos. Além disso, o art 11 cita expressa proibição de veiculação de notícias sensacionalistas.

Abaixo algumas dicas relevantes a uma publicação séria, responsável e se possível, didática:

1. Embasamento Técnico: para que possamos escrever com propriedade é necessário que nos atentemos para aspectos inerentes a uma literatura de respeito. Em outras palavras, o que digo é que toda sustentação deve ser suportada (ao menos quando e até onde for possível) por dados concretos, de modo a deixar o texto menos subjetivo; conseqüentemente menos sujeito a contestações futuras. Lógico, a menos que ele tenha essencialmente um caráter subjetivo, algo mais humano ou abstrato e menos tangível.

2. Bibliografia: presumivelmente, quando nos apoiamos em dados técnicos, é porque já nos dispomos de dados e conceitos como base para um texto digno de referências futuras. Não podemos deixar de lado os direitos autorais das fontes que consultamos. É também aconselhável que estas fontes estejam registradas e arquivadas, caso necessitem recorrer a elas em algum momento futuro.

3. Realismo: a mensagem deve ser entregue no devido grau de realismo. Não devemos esconder a mensagem feia, quando ela a for. Entretanto, deverá apresentar em nível adequado à realidade do problema.

4. Responsabilidade: além do aspecto da veracidade dos fatos, descrito no item 3, escrever com responsabilidade envolve descrever fatos sem sensacionalismos ou contrário aos valores humanos. Dentre outros fatores, escrever com responsabilidade significa dizer que no caso de um dado publicado erroneamente, o autor tenha a coragem e decência de publicar errata, corrigindo informações inexatas e, se for o caso, que dê direito de resposta a alguém que tenha sido afetado pela publicação anterior.

5. Informações de interesse público: quando a matéria for de interesse público, especialmente se emitir uma compilação de dados públicos, estes deverão ter sua fonte publicada, nem que seja no rodapé da página, para que o leitor tenha acesso (se possível) irrestrito às fontes usadas para tal publicação.

Bem, agora cabe a nós cumprirmos com nosso dever moral de entregar a notícias certa e na dose certa, sempre!