Urge inovarmos

O Brasil nunca precisou de tanto sangue novo, quanto exige a conjuntura atual. Sangue novo não significa apenas jovens talentos, mas novos talentos; ou seja, pessoas (novas ou antigas no ambiente corporativo e sua vida profissional) que possam contribuir decisivamente para que saiamos dessa crise com classe e elegância.

Luciano Lima Pereira

12/8/20083 min read

O Brasil nunca precisou de tanto sangue novo, quanto exige a conjuntura atual. Sangue novo não significa apenas jovens talentos, mas novos talentos; ou seja, pessoas (novas ou antigas no ambiente corporativo e sua vida profissional) que possam contribuir decisivamente para que saiamos dessa crise com classe e elegância.

Claro que quando digo “classe e elegância”, refiro-me a inovações na área da administração. Em especial, na questão dos recursos humanos, por razões óbvias.

Felizmente hoje temos no Brasil uma sociedade mais consciente e mais participativa, do ponto de vista político no país. A sociedade civil me organiza e se mobiliza pelos mais diferentes recursos disponíveis: agendas estratégicas, proposições de solução de problemas, construção de novos parâmetros de análise e inovação tecnológica e econômica.

O momento que estamos vivendo nos oferece oportunidades de repensarmos nossos valores, atitudes e conceitos sobre como enfrentarmos o problema da crise. São situações como estas que nos colocam frente a frente com questões muitas das vezes filosóficas.

Na quinta-feira passada, Hélio Zylbertajn, professor da faculdade de Economia da USP e presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho, concedeu entrevista à rádio CBN, com propostas que nos desafiam a pensar mais e melhor sobre as necessárias inovações no campo trabalhista.

O brasileiro tem uma habilidade ímpar a sobressair-se das crises que nos pegam de surpresa. Partindo deste princípio e de dados estatísticos que muito nos desagradam (o número de desempregos gerados pela crise), é que surgem propostas inovadoras. A saber… crise que ainda nos afetou, como afetou ao resto do mundo, com raríssimas exceções, das quais fazemos parte.

Cabe aos principais atores deste cenário: empresas, empregados e governo, reunirem-se para que soluções sejam discutidas e colocadas à mesa. Dentre suas propostas está o LAY-OFF: suspensão temporária do trabalho. A própria CLT já nos dá esta hipótese contratual. Modalidade esta muito pouco (ou quase nada) utilizada pelo mercado, mas que poderia ser considerada uma bela saída para os momentos atuais. Ou seja, ou invés de se trabalhar cinco dias da semana para a empresa, ou pior – ser demitido – a empresa reduziria sua jornada a três dias por semana. Seria bom? Depende, se você for o próximo demitido, provavelmente optaria a esta modalidade à perder o emprego.

Outra questão é a suspensão total dos trabalhos, por período pré-determinado ou não. Neste caso, você não trabalharia nenhum dia para a empresa. Seria como uma licença, com ou sem data para retorno. A vantagem é que neste caso você não perderia o emprego, a empresa não perderia o talento, no qual já fez investimentos.

Durante este período (e aí sim precisaríamos de um legislativo ágil e atuante), para que aprovasse uma lei que possibilitasse que o empregado nesta condição pudesse receber auxílio-desemprego, embora não se configure exatamente como tal – desempregado. Mas seria sim, uma condição mais politicamente correta, do ponto de vista econômico, na relação entre empregados, empresas e governos (em todas as esferas).

Vale lembrarmos que o governo também é, e deveria ser, parte interessada no assunto, sob as mais diversas razões: não teríamos um índice de desemprego tão alto, não perderíamos nossa fonte de renda (emprego), o governo não perderia receita dos impostos (sobre os encargos trabalhistas), nem receitas de impostos sobre transações comerciais (ICMS, IPI, ISS, etc….) à princípio, seria no mínimo uma política muito interessante e que talvez pudesse nos ajudar a sairmos dessa dificuldade o mais rapidamente possível.

O estado de São Paulo, recentemente inovou mais uma vez, no sentido de sairmos cada vez mais da informalidade, porém sem grandes burocracias, o que é um ponto a mais no combate a informalidade e ao sub-emprego. Não podemos mais conviver com políticas incondizentes com o mercado e com a capacidade tributária dos micro e pequenos empresários, bem como os sub-empregados (aqueles que não possuem um emprego formal – em geral pipoqueiros, dogueiros, cabeleireiros, entre outros que atuam como “autônomos” em pequenos negócios, dentro de casa).

Com isso, seria até mais fácil o presidente convencer os cidadãos sobre a importância em continuar consumindo, para que o mercado continue ativo e sem maiores problemas.

Cabe a nós, empregados nos mais diferentes níveis, movimentarmo-nos no sentido de ajudarmos a criar soluções que possam viabilizar o momento atual da economia. Logicamente, da maneira menos dolorosa possível, a todos os atores do cenário atual.

Quem sabe possamos ainda encontrar soluções factíveis e num futuro próximo, para que os males sejam estancados enquanto ainda há tempo.